sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Debate no HUAP fortalece luta pela revogação da EBSERH

O debate no HUAP nessa quinta-feira (25/8) contou com a presença da dirigente do SINTUFCE, Keila Camelo, o procurador federal Wilson Prudente e o professor e médico Wladmir Tadeu. A crise na saúde foi o tema central do debate, que enfatizou a proposta de privatização da saúde pelo governo com a entrada da Ebserh nos HUs. Keila iniciou falando das condições em que se encontra o Hospital Universitário Walter Cantídio no Ceará. O HU foi entregue a EBSERH há cerca de dois anos e a situação de calamidade foi instalada. Assim como no HUAP, os funcionários trabalham em ambientes precários, faltam materiais essenciais, leitos foram fechados e cirurgias suspensas. Os gestores da EBSERH no HUWC são todos RJU que foram cedidos à empresa. Isso prova, mais uma vez, que o problema do hospital não é de gestão. No HUWC, a EBSERH tentou tirar os servidores do calendário acadêmico da universidade, tentou tirar as 30 horas, tentou submeter os servidores aos diretores da EBSERH e tentou instituir avaliações por metas. Os pacientes estão sendo prejudicados, pois não podem ficar no hospital até fechar o diagnostico porque tem que liberar o leito para outro paciente. Mas os servidores do hospital conseguiram reverter esses ataques com luta. O mais recente ataque ao HUWC é que a EBSERH está tentando retirar o brasão dos documentos do hospital e mudar o nome do hospital, que é em homenagem a um dos idealizadores do HU. Os servidores estão denunciando esse ataque.

O Procurador Federal Wilson Prudente deu continuidade falando sobre a realização da olimpíada durante a crise em que o país se encontra principalmente na saúde, com os servidores com salários atrasados. Falou também sobre a entrega gestão da saúde pública para a iniciativa privada que vem acontecendo nos últimos 10 anos.  O profissional de saúde está se formando sem a referência dos hospitais universitários e a população está perdendo o acesso ao direito à saúde. Segundo Wilson, o que acontece hoje é quase uma simulação de atendimento e uma seleção de quem sobrevive. Uma das soluções é retirar as empresas gestoras de saúde, que estão sugando os recursos públicos que deveriam ser repassados à saúde e levar a situação do HUAP ao Tribunal Internacional de Direitos Humanos.

O professor Wladmir iniciou falando sobre os HUs que estão se mobilizando contra a EBSERH. A UNB conseguiu uma audiência no Congresso Nacional sobre a EBSERH. Falou sobre a situação da saúde nos últimos anos, em que 25 mil leitos foram fechados no pais, sendo a metade no Rio de Janeiro e o repasse insuficiente de verbas para a saúde, apenas 4% do PIB nacional é repassado para a saúde – os países da ONU tem média de 10% - e 52% do valor é repassado para o setor privado. Sobre a EBSERH, enfatizou a proibição da eleição dos gestores, tendo que se submeter aos gestores impostos pela empresa. O HU é uma extensão da universidade desde 1808 e a EBSERH tem tirado a autonomia da universidade. A partir da entrega do HU para a EBSERH, este passa a se tornar uma filial da EBSERH, com finalidade lucrativa. De acordo com o primeiro artigo da lei da EBSERH, a empresa tem finalidade de exploração da atividade econômica. A EBSERH é uma empresa vinculada ao MEC e não subordinada, ou seja, o MEC não tem domínio sobre a empresa. A clara intenção do governo é acabar com o funcionalismo público dentro da saúde, congelando concursos e colocando empresas para gerir os hospitais. Assim, após um período, não haverá mais servidores, apenas funcionários vinculados à empresa . O professor destacou a importância da mobilização de servidores e estudantes para barrar a EBSERH. 


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