sexta-feira, 4 de abril de 2014

Resposta ao reitor Roberto Salles

Reposta à matéria publicada no site da UFF intitulada “Sintuff impede a circulação dos ônibus e dois mil alunos são prejudicados”

Ocupação em 2011 conquistou transporte universitário, com participação do
SINTUFF, apesar das ameaças do reitor de repressão policial
Foto: Luiz F. Nabuco

O reitor Roberto Salles, através do site institucional da universidade, atacou publicamente o SINTUFF, em razão de uma atividade de greve deliberada pelos fóruns sindicais dos técnico-administrativos da UFF. Além da lamentável declaração do reitor contra o sindicato, a publicação transcreve falas de estudantes lamentando a falta dos serviços prestados pelos técnico-administrativos, tais como bandejão e transporte.
A publicação no site da UFF é um ataque ao direito de greve. O não funcionamento do bandejão e do transporte universitário traz transtornos temporários. Contudo, é importante frisar que a manutenção do bandejão no valor de R$ 0,70, as melhorias na alimentação, nos refeitórios e o transporte universitário foram conquistas obtidas através de greves e ocupações estudantis, todas amplamente apoiadas pelo SINTUFF. Grande parte destes avanços foi arrancado por uma ocupação da Reitoria em 2011, que o reitor Roberto Salles ameaçou atacar violentamente com uso de força policial. A imensa mobilização da comunidade universitária lhe impôs uma derrota. Se dependesse do reitor, essas conquistas que ele utiliza de forma populista para tentar jogar estudantes contra os servidores sequer existiriam. A lição é que somente a luta conquista. As atividades de paralisação e convencimento da greve permanecerão.
Nenhuma greve faz sentido sem paralisar os serviços decorrentes da força de trabalho. Que força teria uma greve de rodoviários sem paralisar os transportes? Como os garis teriam conseguido reajuste se não houvesse lixo acumulado nas ruas? O ex-presidente Lula, que o reitor faz questão de estampar uma foto ao lado em seu gabinete, só se tornou chefe de Estado por um dia ter liderado greves onde trabalhadores cruzaram os braços. As greves que Lula dirigiu também eram garantidas através de fechamento dos portões das unidades. Ao acusar o SINTUFF de “truculência” e “desrespeito”, o reitor poderia afirmar o mesmo do passado do ex-presidente, cuja fotografia enfeita seu gabinete. Argumentos similares aos de Salles foram usados pelo regime militar contra as greves. Roberto Salles prefere o Lula de hoje, que anda abraçado com Sarney, Maluf, Collor, Renan Calheiros, empreiteiros, empresários e banqueiros. Nós preferimos aquele que enfrentava a ditadura e os patrões por melhores salários e eleições diretas, nas décadas de 70 e 80.
O Conselho Universitário aprovou uma “Moção de Apoio à Greve”. Mais uma vez, Roberto Salles ignora uma resolução da instância máxima da universidade, ao utilizar o site da UFF para atacar a greve. O mesmo reitor que atropela decisões do Conselho Universitário quando estas não são de seu interesse, se recusa a permitir que a comunidade universitária eleja o diretor do HUAP e não acata a decisão do plebiscito que decidiu pela extinção dos cursos pagos, com o apoio de 87% dos 13326 votantes. Isso sim é desrespeito à comunidade universitária e uma afronta à democracia.
Diferente do reitor Roberto Salles, as decisões do SINTUFF e atividades de greve são aprovadas democraticamente em Assembleias e Comandos de Greve abertos, com direito a voz e voto a todos os servidores da UFF. Isso é democracia, um conceito fundamental em um momento que lembramos com tristeza os 50 anos do famigerado golpe militar no Brasil.

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