Declaração da Unidos Pra Lutar
Aos Companheiros da Marcha do TIPNIS-BOLIVIA
Os que assinam esta nota, ativistas e dirigentes sindicais brasileiros organizados na Unidos Pra Lutar, (Associação Nacional de Sindicatos Independentes) viemos nos solidarizar com a heróica Marcha Indígena em defesa do Tipnis (Território Indígena e Parque Nacional Isiboro-Secure).
Em primeiro lugar queremos repudiar a brutal agressão cometida pelas forças repressivas do Estado boliviano contra os participantes da marcha. Infelizmente, a história se repete. Como tantas vezes aconteceu, com outros governos patronais e entreguistas, o atual, encabeçado por Evo Morales, não hesitou em violentar os direitos humanos e reprimir com selvageria os indígenas que com justa razão lutam contra a divisão e a entrega das terras do Tipnis às transnacionais.
Mas se Evo Morales esqueceu suas origens, não aconteceu o mesmo com as comunidades pobres e os trabalhadores. Ficamos comovidos com a solidariedade das populações de Rurrenabaque e San Borja que, com sua mobilização, forçaram a libertação dos dirigentes indígenas depois das brutais e arbitrárias prisões realizadas pela polícia e cujas imagens percorreram o mundo. Também parabenizamos a iniciativa da COB e outras organizações por realizar paralisações e mobilizações contra a repressão do governo e em defesa da Marcha. Isso demonstra que estão no caminho certo e que devem continuar com a luta para derrotar o projeto que pretende cortar o Tipnis.
Por outro lado, queremos expressar nosso repúdio ao ex. presidente brasileiro Lula. Em seu papel de representante do pretenso sub-imperialismo brasileiro para a região, ignorando a vontade dos indígenas bolivianos, viajou junto com a multinacional Construtora OAS (que financia as campanhas eleitorais do PT, partido do Lula) para “inaugurar” a estrada financiada pelo BNDES. Se como bem diz a companheira Justa Cabrera: “Evo Morales é capataz das transnacionais”, poderíamos dizer que aqui no Brasil o ex presidente Lula cumpre o mesmo papel. São as “novas lideranças do século XXI”, que chegaram ao poder pelas lutas populares e, quando empossadas, se voltaram contra elas para servir aos inimigos do povo.
No Brasil também estão acontecendo importantes lutas. Greves de trabalhadores bancários, das universidades, da educação estadual, dos correios e da construção civil, entre outras, que se somam aos protestos e fóruns contra a destruição do meio ambiente e das condições de vida da população, como acontece com a usina hidroelétrica de Belo Monte no estado do Pará. Nós da Unidos Para Lutar estamos apoiando essas lutas na tentativa de fortalecer uma nova alternativa de direção para os trabalhadores.
Do nosso posto de combate, como ativistas e dirigentes do movimento sindical brasileiro, queremos oferecer todo nosso apoio para que a Marcha dos indígenas do Tipnis, além de vencer todos os obstáculos para chegar à La Paz, seja vitoriosa. Ficamos à inteira disposição para ajudar ao triunfo de vossa luta. Para tanto, será necessário não simplesmente uma declaração de boa vontade do presidente Evo Morales ou a interrupção temporária da obra e sim uma lei que acabe definitivamente com o Projeto de cortar o TIPNIS.
Valentes companheiros da Marcha Indígena do Tipnis: até a Vitória final!
Assinam pela Unidos Pra Lutar: Sindicato dos Servidores Públicos do Pará - Brasil
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