A crise da economia mundial iniciada em 2008 levou os grandes empresários e capitalistas de todo o mundo, com o argumento de reduzir custo para aumentar competitividade no mercado, a adotar o modelo chinês de relações trabalhistas, ou seja, aumentar brutalmente a exploração sobre os trabalhadores reduzindo salários e cortando direitos conquistados durante um século de lutas.
Por isso as massas trabalhadoras se levantam, estouram lutas: greve continental na Europa, revolução árabe contra ditadores que atacam os direitos democráticos e o nível de vida dos povos, ocupação das praças pela juventude indignada que questiona o sistema financeiro mundial, responsável pelo endividamento dos países e os planos de ajuste que geram mais miséria, desemprego e o desmonte da educação e do sistema público de saúde.
No Brasil, com a chegada da crise econômica, os patrões estão atacando os direitos trabalhistas e todo tipo de conquistas. O governo Dilma avaliza essa política presenteando às indústrias com isenções de impostos e incentivos fiscais que já custaram aos cofres públicos R$190 bilhões, e por outro lado corta verbas para as áreas sociais, dá continuidade à reforma da previdência comprada com o mensalão do Lula. Dilma prepara o terreno para a “chinalização” das relações trabalhistas no país com o ACE (Acordo Coletivo Especial) que permite que todos os direitos sejam rebaixados ou retirados e o projeto da terceirização irrestrita que transforma todos trabalhadores em mão de obra precarizada, esses dois projetos estão para ser votados no congresso nacional.
Infelizmente, a burocracia sindical da CUT e outras centrais pelegas, também ajudam os patrões, apoiando esses projetos do governo, assinando acordos que reduzem direitos e não unificando a luta dos trabalhadores que é uma só. Muitos desses ex-sindicalistas hoje ocupam altos cargos no governo e enriquecem a custa dos trabalhadores.
As fortes lutas também chegaram ao Brasil a exemplo dos operários da construção civil de Jirau contra a semi-escravidão nos canteiros de obras do PAC, dos servidores públicos federais que derrotaram a política de reajuste zero que Dilma queria impor por 10 anos. Policiais militares e bombeiros em greve desafiaram a rígida disciplina militar.
A luta na GM
A unidade da GM em SJC, desde 2008, tenta reduzir o piso salarial e impor o banco de horas. A mesma tentativa vem fazendo a Johnson, Ambev, Cebrace, e outras empresas da região. Por isso temos que entender que a luta dos operários da GM é parte de um processo global e que, portanto, tem que ser respondido globalmente pelo movimento dos trabalhadores com ações e jornadas de lutas unificadas, essa é a única possibilidade que temos de derrotar os patrões e o governo que os defende. A nossa luta não é apenas por manter os empregos, mas mantê-los com salários dignos e os direitos conquistados.
Estamos juntos com os operários da GM. Desde o primeiro momento nos colocamos à disposição e sob a condução do Sindicato dos metalúrgicos de SJC na perspectiva de fortalecer a luta contra os ataques aos nossos direitos rumo à vitória. O Fórum de Lutas do Vale do Paraíba (Sindicatos dos químicos, condutores, alimentação, vidreiros, petroleiros, SindSaae, municipais de Jacareí e de São Sebastião, e movimentos sociais) propôs uma jornada de luta unificada no segundo semestre de 2012, durante as campanhas salariais de todas as categorias, tendo a luta dos trabalhadores da GM como o carro chefe, infelizmente a direção do Sindicato dos metalúrgicos achou prematura uma campanha unificada e não concordou com a principal bandeira “Em defesa dos empregos com salários dignos e direitos”.
Ao recusar a luta unificada, isolaram o conflito, pois ao invés de convocar à unidade e ampliar e divulgar sua luta, chamando os trabalhadores e o povo, aos sindicatos e entidades à luta unificada, optaram por ficar sozinhos. Assim, ao privilegiar a negociação e confiar no governo federal, a direção do Sindicato dos metalúrgicos perdeu a possibilidade de derrotar o pacotão da GM. Isso levou a negociações infindáveis que geraram expectativas e desgastaram os trabalhadores, conduzindo a um beco sem saída que terminou levando o Sindicato dos Metalúrgicos de SJC a assinar, pela primeira vez, um acordo de retirada de direitos.
O acordo assinado implica na drástica redução do piso salarial (de R$3100,00 para R$1800,00), num banco de horas limitado a 12 dias/ano, e não garante os empregos, já que 600 trabalhadores do layoff serão demitidos e a promessa de manter a fábrica em SJC é duvidosa já que a GM se comprometeu apenas a manter o nível de emprego até 2014.
Sempre combatemos esse tipo de acordo que reduz e flexibiliza direitos, além de refletir negativamente em todas as categorias, fragilizando a luta de toda a classe trabalhadora brasileira. A história de luta dos trabalhadores da GM/SJC sempre foi um exemplo: a greve de 1985 quando os trabalhadores ameaçaram explodir a fábrica, caso a polícia sangrenta da ditadura militar invadisse a empresa ocupada pelos trabalhadores, conquistou a redução da jornada de trabalho. É essa a nossa história! É esse o exemplo a seguir!
O Fórum de Lutas do Vale do Paraíba continuará a luta unificada de todos os trabalhadores da região pela manutenção e ampliação dos direitos trabalhistas e melhoria das condições de trabalho. É necessário extrair todas as lições desta experiência, chamando e construindo a unidade dos trabalhadores para derrotar as políticas dos patrões e dos governos de acabar com os direitos trabalhistas, assim como para lutar pelo salário e melhores condições de trabalho.
Viva a luta dos trabalhadores! Nenhum direito a menos!
Fórum de Lutas do Vale do Paraíba